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Familiares sem indemnização após seis anos de espera

O juiz Salomão Filipe decidiu, na altura, que o Ministério do Interior deveria indemnizar os familiares das oito vítimas com um valor de um milhão e meio de kwanzas por cada família.

Angola
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O Tribunal Supremo mantém­se em silêncio na sequência do recurso apresentado pelos advogados de defesa dos familiares dos oito jovens assassinados por agentes da Polícia Nacional, no largo da Frescura, distrito do Sambizanga, em 2008, como ficou

provado no julgamento da primeira instância. 

O juiz Salomão Filipe decidiu, na altura, que o Ministério do Interior deveria indemnizar os familiares das oito vítimas com um valor de um milhão e meio de kwanzas por cada família. 

Elias Borges, pai de uma das vítimas, disse não compreender como é que até ao momento o Tribunal Supremo não diz nada sobre o caso. "Não entendemos o que se passa, até hoje os responsáveis do Tribunal Supremo não dizem nada e, como se não bastasse, os sete agentes foram postos em liberdade. Nós não percebemos se a libertação dos agentes significa que não são culpados pelas mortes. É necessário que alguém venha a público dizer alguma coisa, porque nós é que saímos a perder". 

Para Elias Borges, com essa atitude, o Tribunal Supremo mostra que a justiça em Angola ainda não funciona como deveria ser. "Mataram os nossos filhos, as pessoas que os assassinaram estão soltas e ninguém faz nada, isto não é justo. Alguns deles ainda andam no bairro. Como é que eu, que perdi um filho, fico? Já não sei mais o que fazer", queixou­se o homem, acrescentando que os familiares, nos próximos dias, vão marcar uma audiência com o responsável do Tribunal Supremo. 

Os sete agentes acusados de matar os oito jovens foram postos em liberdade oito meses depois da condenação pelo Tribunal Provincial de Luanda. Na altura, segundo dados dos advogados de defesa, o Tribunal Supremo ordenou a libertação dos sete acusados por não ter matéria suficiente para a condenação. 

Carlos Jeremias, irmão de uma das vítimas, disse que os advogados de defesa já fizeram todas as démarches para que a situação fosse resolvida. "Não há interesse de quem governa esse país para resolver essa situação. São sete vidas que se foram. Será que essas mortes vão ficar impunes?", questionou a fonte, tendo acrescentado que muitos dos jovens assassinados deixaram filhos e mulher, e os familiares não têm condições para os ajudar a sustentar. 

"Achamos que o Tribunal Supremo deve responder ao recurso interposto pelos advogados dos familiares. Não sei porque é que em Angola não se respeitam as pessoas. Acho que o Tribunal Supremo é que não quer resolver o problema". 

Maria Nuno, mãe de uma das vítimas, também se mostrou agastada com a situação que a família vive desde 2008.

Desde aí, nada se fez para resolver essa situação. "Se não fossem aqueles sete agentes que mataram o meu filho nunca, o Comando Provincial de Luanda iria apresentá­los ou dizer que foram eles que mataram. Não sei o que faltou no processo ou nas provas para o Tribunal Supremo os ter libertado. Eles fizeram isso porque não são seus filhos ou familiares. Eu até hoje sofro com a morte do meu único rapaz. Não é justo, é muita dor", clamou a mulher, com as lágrimas a escorrer pelo rosto.

Na altura do julgamento, os familiares das oito vítimas exigiam que o Ministério do Interior concedesse uma indemnização de 200 mil dólares norte­americanos por cada família.

 

 

 

 

 

 

Fonte:Angonoticias

Reditado para:Noticias Stop 2016

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