19
Dom., maio
0 New Articles

“Os albinos não têm espaço na nossa sociedade”

Nacional
Typography
  • Smaller Small Medium Big Bigger
  • Default Helvetica Segoe Georgia Times
AplicLoja Windows 11 Pro

Assinala-se esta terça-feira, 13 de Junho, o dia Internacional para a Sensibilização do Albinismo, este ano sob o lema “A Inclusão faz a Força”.O albinismo é um distúrbio genético hereditário, caracterizado pela falta de pigmentação na pele, cabelo e olhos. Além das consequências fisiológicas, o albinismo é um factor de múltiplas discriminações em todo o mundo. Em algumas comunidades, as crenças ligadas a esta doença representam um perigo para a vida e a segurança destas pessoas.

Assinala-se esta terça-feira, 13 de Junho, o dia Internacional para a Sensibilização do Albinismo, este ano sob o lema “A Inclusão faz a força”. (Imagem de arquivo).
Assinala-se esta terça-feira, 13 de Junho, o dia Internacional para a Sensibilização do Albinismo, este ano sob o lema “A Inclusão faz a força”. (Imagem de arquivo). PHOTO/MILLIYET DAILY HANDOUT/BUNYAMIN AYGUN

 

A situação dos albinos continua a ser preocupante no continente africano, admitiu à RFI Wiliamo Savanguene, presidente Associação de Apoio a Albinos de Moçambique. O responsável alerta igualmente para a urgência da inclusão dos albinos na sociedade.

RFI: Este ano o dia internacional dos Albinos decorre sob o lema da Inclusão Faz Força. Qual é a mensagem que se pretende passar?

Wiliamo Savanguene, presidente Associação de Apoio a Albinos de Moçambique: A mensagem que se pretende com este lema [“A Inclusão faz a Força”] passa pela urgência da inclusão das pessoas que sofrem de albinismo na sociedade. Essa mesma inclusão, mesmo que não seja pacífica, tem de ser feita. O que se percebe é que as pessoas que sofrem de albinismo não têm tido espaço [na nossa sociedade]. Elas são discriminadas e têm a vida limitada.

Conscientes dessa realidade, sentimos que há necessidade de ser fazer barulho. Ser for necessário, iremos usar a força para que haja uma atenção especial para as pessoas que sofrem de albinismo.


Fala no recurso à força. Refere-se a quê concretamente?

Não me estou a referir à força física. Falo de acções desenvolvidas pela sociedade civil para desencorajar o estigma e a exclusão social. É preciso denunciar que os albinos são esquecidos e colocados de lado. Quando as pessoas que sofrem de albinismo aparecem a reivindicar os seus direitos, a fazerem marchas e a organizar, por exemplo, exposições de fotografia…. Estão a recorrer à força. É essa a força a que eu me refiro.

Nessas acções de “força”, considera que deve também haver uma maior intervenção do Governo?

Sim. Nós queremos que o Governo tenha uma atenção especial com este flagelo. As pessoas com albinismo têm direitos e é importante que se sintam incluídas.

Quais são as principais necessidades das pessoas que sofrem de albinismo em Moçambique?

Em Moçambique, os albinos precisam de óculos graduados e de protector solar. O protector solar é muito caro e difícil de obter. Depois, temos ainda a questão do emprego.

Uma pessoa que sofre de albinismo continua a ter dificuldades em ingressar no mercado de trabalho?

Extactamente. As pessoas que sofrem de albinismo até podem ter uma boa formação, mas, a partir do momento em que se descobre a doença, a pessoa é excluída. Existe o mito de que as pessoas que sofrem de albinismo não têm capacidade para exercer um trabalho de forma tão eficaz como o pode fazer outra qualquer pessoa.

A questão da empregabilidade é crucial. Quando as pessoas têm emprego podem cuidar melhor da saúde. Contudo, a maior parte das pessoas que sofre de albinismo não têm acesso ao mercado de trabalho. Não têm acesso à educação e nem à saúde. Isso acaba por comprometer o futuro dessas pessoas.

Há ainda muitos albinos que ficam fora do sistema de saúde. Que suporte existe actualmente para os pacientes?

Em Moçambique, as pessoas que sofrem de albinismo têm apenas acesso às consultas gratuitas de oftalmologia e dermatologia. Porém, nem todos os hospitais têm consultas nestas especialidades. O que acontece, muitas vezes, é que depois de ser feito o diagnóstico, a compra dos óculos e do protector solar fica sempre a cargo do paciente. Todavia, muitos deles não têm sempre os meios financeiros para os adquirir.

Numa altura em que o país regista temperaturas elevadas, como é que as pessoas fazem para se proteger?

Esse é o grande desafio. Quando não conseguimos fazer face a essa situação, tentamos instruir as pessoas, com albinismo, a colocarem roupas de mangas compridas, evitando assim que se queimem com o sol.

Quando os nossos parceiros fazem doações de protectores solares, nós fazemos a distribuição. Mas é difícil fazer uma distribuição para um número tão grande de pessoas que necessitam.

Quantas pessoas sofrem de albinismo em Moçambique?

Não existe um número exacto. Temos apenas uma estimativa que aponta, segundo o governo, para 20 a 30 mil albinos no país.

A exclusão do sistema educativo continua a ser uma realidade?

As crianças vão à escola. No entanto, existem muitos professores que não têm conhecimento sobre esta doença, acabando por afastar as crianças do sistema educativo. As crianças acabam por ser as mais vulneráveis.

O albinismo é factor de múltiplas discriminações em todo o mundo. Em algumas comunidades, as crenças ligadas a esta doença representam um perigo para a vida e a segurança destas pessoas. Em Moçambique são conhecidos os casos de rapto para a extracção e venda de órgãos humanos. Como é que o país tem vivido este flagelo?

Os raptos diminuíram no país, embora ainda se registem alguns casos isolados. O grande problema continua a ser a discriminação e a exclusão social. As pessoas que sofrem de albinismo são discriminadas e algumas são expulsas das suas residências por causa da condição genética.

Como se podem desconstruir as falsas crenças que circulam à volta desta doença?

Será através de acções de sensibilização, de advocacia e de palestras. É importante que as pessoas tenham conhecimento. Existem dois grupos: o grupo das pessoas ignorantes e o grupo de pessoas que não têm conhecimento acerca do albinismo. Os ignorantes precisam de ser sensibilizados e os que não tem conhecimento têm que ser instruídos.

Temos de se fazer este exercício para que as pessoas tenham conhecimento do que é o albinismo. Acredito que a partir do momento em que as pessoas tenham esse conhecimento, o número de discriminações, raptos e assassinatos irá reduzir.

 

 


Fonte:da Redação e da RFI
Reeditado para:Noticias do Stop 2023
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
Material Informático - www.aplicloja.com
Receba diariamente no Grupo STOPMZNWS poderá ler QRCOD
Link do Grupo WhatsApp - https://chat.whatsapp.com/JUiYE4NxtOz6QUmPDBcBCF
Qual Duvida pode enviar +258 827606348 ou E-mail:Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Em criação o Aplicativo o APP que ira ver notícias diariamente em seu celular Fotografias:Getty Images/Reuters/EFE/AFP

AplicLoja Microsoft Office 2022 Pro Plus
Stopmznews