
qualidade desejada nesta unidade sanitária de referência.
Estes factos fazem com que os doentes passem várias horas à espera de atendimento, conforme reconheceu o director clínico desta unidade hospitalar, Timóteo Flor Jeque.
Timóteo Jeque explicou que, não obstante o reduzido número do pessoal nesta hospital, estão sendo desenvolvidas algumas estratégias adoptadas internamente, sobretudo a disponibilização de informação aos utentes sobres as várias alternativas encontradas para minimizar o défice na cobertura de todas as acções de atendimento nesta unidade hospitalar.
Uma das estratégias adoptadas, de acordo com a nossa fonte, foi o alargamento do horário de funcionamento das consultas externas – das 17 horas para 21 – horas, bem como da expansão da informação para as comunidades através de avisos e ordens de serviço afixados nas vitrinas e dos anúncios passados durante os cultos na Igreja Metodista Unidade de Moçambique, um dos principais parceiros desta unidade sanitária.
O director clínico do Hospital Rural de Chicuque reconheceu que o ideal para uma unidade sanitária de referência era funcionar 24 horas por dia, onde as consultas externas, serviços de urgências e o banco de socorros, tivessem equipas completas para garantir o pleno funcionamento, mas tal não se verifica devido à insuficiência do pessoal e à necessidade de ampliar as instalações para albergar comodamente todos os serviços.
Timóteo Jeque disse que actualmente o Hospital Rural de Chicuque funciona com 230 funcionários, entre médicos especializados, técnicos básicos, médios e superiores de diversas áreas e pessoal auxiliar, todos confinados nos pequenos compartimentos existentes.
“O défice do pessoal aqui ronda entre 120 e 150 técnicos para diversos ramos. Temos neste momento, por exemplo, 11 médicos, sendo cinco nacionais, quatro coreanos e dois cubanos, dois técnicos da cirurgia, além de outros quadros, nomeadamente um nutricionista, um pediatra e dois técnicos de enfermagem”, indicou a nossa fonte.
O nosso interlocutor explicou que para o funcionamento normal de uma unidade sanitária da dimensão da de Chicuque, que também funciona como centro de Saúde, o Saúde Materno- Infantil (SMI), por exemplo, devia ter quatro enfermeiras por turno com igual número de serventes distribuídas por duas salas de parto.
“Na triagem precisaríamos neste hospital de um espaço suficiente para três gabinetes de consultas externas, dos quais dois para adultos e outro para crianças. Precisamos igualmente de espaço para consultas externas, para cirurgia, oftalmologia, medicina e tratamento anti-retroviral”, disse Timóteo Jeque, indicando que as consultas de TAR, por exemplo, têm muitos utentes, necessitando de um gabinete espaçoso e condigno.
Para o melhor desempenho no TAR, Jeque disse que o ideal seria que houvesse três gabinetes com um técnico cada, diferentemente do que acontece actualmente, em que o único gabinete é usado por dois técnicos.
PACIENTES RECLAMAM DEMORA NO ATENDIMENTO
Uma das reclamações apresentadas pelos utentes relaciona-se com o tempo de espera de atendimento nas consultas externas. O tempo de atendimento normal por doente, de acordo com o director clínico do Hospital Rural de Chicuque, seria de 10 a 15 minutos.
O nosso interlocutor anotou que nem sempre o que se considera demora no atendimento é por culpa do técnico de Saúde ou médico.
“Cada doente que está diante do técnico ou médico tem a sua forma de estar. Nem sempre se liberta à primeira, daí que o técnico ou médico precisa de desenvolver uma conversa que deixe o paciente à vontade para revelar o que lhe obrigou a procurar o hospital. Portanto, este trabalho pode levar 10 a 20 minutos ou mais”, disse, acrescentando que os doentes que explicam bem o seu problema, cinco a dez minutos são suficientes para o seu atendimento.
Fazendo a análise do funcionamento daquela que é uma das mais antigas unidades sanitárias de referência da província de Inhambane, com 103 anos de existência e actualmente alvo de muitas críticas, com os utentes a reclamar serviços de qualidade e rapidez no atendimento, o nosso interlocutor disse que, por exemplo, o banco de socorros devia estar equipado de quatro salas divididas pelos serviços de consulta, tratamento, cirurgias e aplicação de gesso, para além de duas salas, sendo uma para o atendimento de homens e outra para mulheres.
“De qualquer forma, as condições existentes neste momento não podem ser justificação de uma conduta dos profissionais da Saúde, muitas das vezes caracterizada pela falta da prestação da informação necessária aos utentes, injúrias aos doentes e seus acompanhantes. Por isso, dentro das condições existentes, há toda necessidade de os funcionários a todos níveis respeitarem os doentes, porque são a razão da existência da unidade sanitária”, disse Timóteo Jeque.
VICTORINO XAVIER
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