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Ucrânia disposta a negociar com Rússia após retirada de Moscovo

Ucrânia
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Em entrevista exclusiva à RFI e à Rádio Renascença, Igor Zhovka, vice-chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky e responsável pela política externa, considera que a negociação de paz depende da neutralização dos instrumentos militares poderosos da Rússia e não concebe uma negociação unicamente bilateral para acabar com este conflito.

A Ucrânia está disponível para se sentar à mesa das negociações com a Rússia mas não a sós e sem antes ver neutralizada a capacidade ofensiva militar de Moscovo. Foi isto que Igor Zhovka, vice-chefe de gabinete de Volodymyr Zelensky e responsável pela política externa, disse em entrevista à RFI e à Rádio Renacença.

"Devemos retirar à Rússia os seus instrumentos agressivos. E depois disso iremos sentar-nos à mesa das negociações. Mas não nos sentaremos a sós com a Rússia", afirmou Igor Zhovka.

O principal conselheiro de Volodymyr Zelenski disse ainda que o Presidente da Ucrânia está disposto a reunir-se com o Presidente Xi Jinping e que a China é "uma país sensato" na procura de soluções de paz para o conflito nesta região do Mundo.

Igor Zhovka falou ainda sobre as possíveis condições para a paz, os processos de integração na União Europeia e na NATO, assim como o papel das principais potências europeias e do Vaticano.


Zhovka confia no apoio de Portugal à adesão da Ucrânia à União Europeia e sublinha que o povo português está quase totalmente a favor dessa decisão. O braço direito do Presidente ucraniano foi o homem designado por Zelensky para dialogar com o gabinete de António Costa e diz esperar "decisões ousadas" do primeiro-ministro português e dos outros líderes europeus.

Sobre a ajuda militar, espera que Portugal continue o seu apoio à Ucrânia mas prefere não revelar os próximos passos dessa ajuda. A reconstrução da região de Zhythomyr , patrocinada por Portugal, está a avançar mas não deve ficar pelas escolas, admite Ihor Zhovka nesta entrevista registada no complexo de gabinetes onde trabalha Zelensky em Kiev.

Leia aqui a entrevista na íntegra:

1. Acordo de Paz

"Devemos retirar à Rússia os seus instrumentos agressivos . E depois disso iremos sentar-nos à mesa das negociações. Mas não nos sentaremos a sós com a Rússia [...] Zelensky está pronto a reunir-se com Xi Jinping. Acreditamos que a China é sensata e não vai estar do lado do Mal"

2. Cedências territoriais

"Não existe qualquer proibição sobre o movimento de integração europeia de um país em guerra. A Ucrânia que entrará na UE terá o Donbass e a Crimeia. Esse é o nosso objectivo, libertar todo o territorio da Ucrânia na base das fronteiras de 24 Agosto de 1991. [...] Nunca nenhum presidente ucraniano vai aceitar quaisquer concessões territoriais face ao território da Ucrânia a 24 de Agosto de 1991. Que ninguem sequer sonhe com essa ideia [...] Vamos avançar muito rapidamente no processo europeu e muitas coisas vão ser mais rápidas depois da nossa vitória"

3. Contra-ofensiva militar

"Os russos começaram uma contra-ofensiva mas muito mais pequena do que esperavam. Mas estão a ficar com falta de soldados, embora tenham maneira de mobilizar mais. E, sobretudo, estão a ficar sem o entendimento sobre porque estão a fazer isto. [...] Os russos vão tentar fazer uma ofensiva em partes do Leste da Ucrânia, começando provavelmente mais no Sul. Mas será a última tentativa deles. Porque a Ucrânia vai imediatamente fazer uma contra-ofensiva. E muito disso depende do apoio que recebermos em termos de armas e munições. Ainda não temos esse material neste momento"

4. Ajuda militar ocidental

"Garantimos que não vamos usar essas armas para atacar solo da Federação Russa. Não precisamos de um centímetro ou de um metro sequer de território russo. [...] Para proteger os nossos céus de ataques de misseis balísticos e outros, precisamos de aviação. Não temos nenhum avião militar de tipo ocidental. [...] Não posso revelar quando será enttregue o sistema anti-aereo Patriot mas há decisões tomadas. E os Patriot vão ajudar-nos significativamente a interceptar misseis balísticos"

5. Ucrânia na NATO

"Compreendemos que a nossa entrada na NATO só pode acontecer depois de vencermos a guerra. [...] Antes disso precisamos das garantias de segurança. O fornecimento de sistemas de defesa anti-aérea, de tanques e de artilharia de longo alcance já faz parte dessas garantias. [...] Na Cimeira da NATO em Julho em Vilnius, queremos decisões e não palavras. Não vamos ficar satisfeitos com as declarações sempre repetidas sobre a "política de portas abertas" da NATO. Precisamos de algo mais, mais acções. [...] Os soldados ucranianos podem ensinar-vos como se lança uma verdadeira guerrilha. Vamos ensinar-vos"

6. Ucrânia na UE

"Estamos a aproximar os nossos sectores económicos ao Mercado Único Europeu. Por exemplo, já temos um sistema eléctrico ligado a vós. Quando os russos atingem o nosso sistema eléctrico, estão na verdade a atingir o vosso sistema. [...] Quando a decisão politica europeia for definitiva estaremos prontos"

7. Corrupção na Ucrânia

"Não estamos a lutar contra a corrupção porque é Bruxelas que o pede. Fazemos isto de forma a vencer, para termos uma Ucrânia própera, democrática e europeia. Combater a corrupção mesmo em tempo de guerra significa que o sistema está a funcionar, apesar de dois terços dos inspectores estarem na linha da frente da batalha. [...] Assim que exista a mais pequena suspeita de corrupção, como viu com alguns vice-ministros, o Presidente reage imediatamente. As pessoas são demitidas e o julgamento começa. Não há vacas sagradas. Ninguém está imune a uma acusação da Procuradoria. Em tempo de guerra não podemos ter pessoas dessas no poder, a lidar com o sector da defesa ou outros"

8. Mediação de paz

"Não precisamos apenas de mediadores. Não é possível ser-se apenas um mediador objectivo quando um país está a sofrer um genocídio e uma agressão contra um país no centro da Europa no século XXI. Não foi a Ucrânia que começou a guerra e não é a Ucrânia que quer o prolongamento da guerra. É outro país que quer essas coisas. A Ucrânia quer a paz. Mas, ao mesmo tempo, a Ucrânia quer trazer de volta todos os territórios"

9. França, Alemanha e Brasil

"A Alemanha está a apoiar-nos cada vez mais em termos de integração europeia. A posição do chanceler Scholz foi decisiva ao adoptar a decisão sobre o nosso estatuto como país candidato. [...] Agora estamos a trabalhar com os nossos parceiros alemães e a falar sobre os próximos passos de integração. E sim, acho que a posição da Alemanha mudou para um lado mais positivo. [...] O meu Presidente fala regularmente com o Presidente Macron . A sua posição foi também decisiva sobre o nosso estatuto de país candidato. E sim, o Presidente Macron está a apoiar a nossa integração europeia. Note bem as decisões e as condições que acabaram por acontecer durante a presidência da França na União Europeia. Ficará nos livros de História, será lembrada para sempre. Teria que morrer para fazer algo parecido com o que a França fez na presidência. [...] Quanto à América Latina , há um papel muito importante que poderia ser desempenhado por este continente, que provavelmente foi subestimado pela liderança anterior da Ucrânia. Mas agora, o meu Presidente está pronto para prestar o máximo de atenção e conversar com os líderes desta região. Ele teve uma conversa telefónica muito boa na última semana com o presidente Lula do Brasil. Eles tiveram uma troca muito boa de ideias, inclusive sobre a fórmula de paz do presidente Zelensky. As relações entre a Ucrânia e o Brasil poderiam ser não apenas renovadas no plano político, mas económico também. Tínhamos o Brasil como um dos grandes parceiros comerciais da Ucrânia. Depois da guerra, poderemos falar sobre como o Brasil pode investir na renovação da Ucrânia porque o Brasil sabe o que é a Ucrânia. Há uma grande diáspora ucraniana a viver no Brasil"

10 . O papel do Papa Francisco

"O papel dele é muito importante. Não só porque há uma grande quantidade de greco-católicos (como lhes chamamos) ou católicos na Ucrânia, mas também porque o Papa Francisco é um grande defensor da paz. Contamos também com a sabedoria do Vaticano. E entendemos absolutamente quão importante é a posição da Igreja. Não apenas católica. Nós também trabalhamos com a Igreja Ortodoxa, que está muito mais presente aqui na Ucrânia. Portanto, esta posição é muito importante. [...] Às vezes, as narrativas da Rússia são tão sedutoras que, por vezes, até os líderes mais esclarecidos tentam segui-las. Devemos esquecer, de uma vez por todas, estas narrativas russas sobre a necessidade de trazer a paz imediatamente. Ou que os ucranianos e os russos são de países irmãos. Esta é a narrativa que eles apresentam. Mas somos dois povos diferentes. Nós somos civilizad, eles não. Nós queremos estar na Europa, eles querem estar noutro lado qualquer. Nós queremos estar convosco. Não queremos lutar com ninguém. [...] Deve estar recordado que o Papa propôs acções de união dos povos ucraniano e russo, sobretudo durante algumas datas festivas. E isso obviamente não era o que esperávamos. Mais uma vez lhe digo: contamos com a sabedoria do Papa Francisco. É muito importante"


Fonte:da Redação e da RFI
Reeditado para:Noticias do Stop 2023
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
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