25
Qui., Abr.
0 New Articles

Observatório das Mulheres de Moçambique já registou mais de 41 casos de feminicídio em 2023

Nacional
Typography
  • Smaller Small Medium Big Bigger
  • Default Helvetica Segoe Georgia Times
AplicLoja Windows 11 Pro

Com paridade no Conselho de Ministros e redução recorde da mortalidade infantil e de mulheres durante o parto, Moçambique aparece entre os bons alunos da igualdade de género no Mundo, mas a realidade do dia-a-dia, segundo as organizações não-governamentais, é bem diferente. A activista Quitéria Guirengane disse em entrevista à RFI que as mulheres em Moçambique não sabem a quem recorrer em caso de violência, tendo, muitas vezes, de continuar a viver com o seu agressor.


Desde o início do ano de 2023, o Observatório das Mulheres, uma coligação de organizações não governamentais que actuam no país, já registou pelo menos 41 casos de feminicídio e hoje dezenas de pessoas assinalaram em Maputo o dia Internacional da Mulher com uma manifestação que pede uma resposta das autoridades a esta onda de violência contra as mulheres.

Quitéria Guirengane, secretária-executiva do Observatório das Mulheres, falou com a RFI a partir da manifestação esta manhã e denunciou estes casos de violência que parecem não ter solução.

"Nós juntamos-nos a esta manifestação contra a onda de violência que tem estado a assolar o país. Com o Observatório, fizemos uma análise dos casos mediáticos registados entre Janeiro e Março deste ano e registámos mais de 41 casos de homicídio violento, incluindo violação sexual, abuso sexual, em diferentes províncias do país e 14 casos de desaparecimento de mulheres em que os seus corpos foram encontrados com sinais de violação sexual, de extracção de orgãos humanos, com sinais de todo o tipo de violência", denunciou a activista.

O Observatório das Mulheres considera que estes casos e outros não têm tido respostas por parte das autoridades, mesmo se há leis em vigor e apoios criados para travar este tipo de violências, com muitas mulheres a recorrerem às organizações não-governamentais para ajuda em situações limite já que não há respostas institucionais por parte do Governo.


"Há muitos desafios que torna difícil dizermos que os mecanismos criados estão a ser eficazes para responder à situação de violência e é isto que nos preocupa, o desafio de assistência gratuita às mulheres vítimas de violência, as mulheres ainda hoje não sabem onde buscar assistência. Não temos abrigos efectivos para mulheres em trânsito numa situação de violência, muitas vezes elas denunciam e são obrigadas a voltar e pernoitar com o seu violador, são obrigadas a carregar a intimação e serem elas a apresentá-la aquele que as violentou", descreveu Quitéria Guirengane.

Os casamentos precoces entre meninas e homens maiores de idade continuam também a inquietar as organizações da sociedade civil que defendem os direitos das mulheres, com a secretária-executiva do Observatório das Mulheres a garantir que esta prática é relatada por escolas em todo o país, mesmo após ter sido aprovada legislação contra este flagelo.

No que diz respeito ás mulheres deslocadas devido ao terrorismo em Cabo Delgado - entre cerca de um milhão de deslocados, 75% são mulheres e crianças -, a activista denuncia graves abusos sexuais em troca de comida e outra ajuda humanitária.

"As mulheres deslocadas sentem os seus direitos colocados em causa e para nós é importante que haja uma atenção particular. Nós recebemos constatemente denúncias de mulheres que têm de trocar donativos por sexo, que são excluídas das listas de recepção de ajuda em função de aceitar cooperar com este sistema de corrupção sexual, muitas mulheres que se sentem inseguras locais onde deveriam estar seguras e isto de respostas urgentes", relatou Quitéria Guirengane.

Com a inflação no país a aumentar, tendo chegado a mais de 10% em Dezembro, Quitéria Guirengane declara que as mulheres, já muito fustigadas pelo período da pandemia, continuam a ser o rosto visível da pobreza em Moçambique.

"Em Moçambique, a pobreza tem um rosto feminino e isto preocupa-nos, nós vemos que a maior parte das mulheres trabalham no sector informal e isso chama a atenção sobre uma série de situações de vulnerabilidade num país em que as autoridades geralmente maquilham as estatísticas. Vimos o ministro da Agricultura a mentir de forma escandalosa e a dizer que em Moçambique, as pessoas têm três refeições por dia, o que é inconcebível", concluiu.

 

 


Fonte:da Redação e da rfi
Reeditado para:Noticias do Stop 2023
Outras fontes • AFP, AP, TASS, EBS
Material Informático - www.aplicloja.com
Receba diariamente no Grupo STOPMZNWS poderá ler QRCOD
Link do Grupo WhatsApp - https://chat.whatsapp.com/JUiYE4NxtOz6QUmPDBcBCF
Qual Duvida pode enviar +258 827606348 ou E-mail:Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.
Em criação o Aplicativo o APP que ira ver notícias diariamente em seu celular Fotografias:Getty Images/Reuters/EFE/AFP

AplicLoja Microsoft Office 2022 Pro Plus
Stopmznews