A última semana registou o maior volume do ano na venda de divisas pelo Banco Nacional de Angola à banca comercial. O BNA vendeu o equivalente a cerca de USD 771 milhões, com destaque para as divisas destinadas à aquisição de bens alimentares
e às necessidades do sector da Indústria
última foi a semana de todos os recordes no que respeita à venda de divisas pelo Banco Nacional de Angola (BNA). Este vendeu no mercado primário, onde só intervêm o banco central e as instituições financeiras, o equivalente a USD 770,8 milhões (€ 689,7 milhões dado que o BNA continua a só disponibilizar a moeda europeia), em que cerca de metade são afectos à cobertura de operações de bens alimentares e às necessidades do sector industrial.
A escassez de alguns bens alimentares estimulou a especulação e a inflação e sucediam-se as notícias e as queixas quanto à dificuldade das unidades industriais manterem o seu ritmo normal de produção, face à incapacidade de importar matérias-primas ou produtos subsidiários. Foram ainda destinados € 13,4 milhões para a cobertura de operações para aquisição de peças e acessórios. Entre as outras áreas beneficiárias de uma dotação significativa em divisas incluem-se as operações das companhias aéreas, as operações das empresas prestadoras de serviços ao sector petrolífero, os salários de expatriados, a cobertura de viagens, ajuda familiar, saúde e educação e necessidades dos bancos.
O valor dos cambiais vendidos pelo BNA entre 8 e 12 de Agosto é dez vezes superior ao da semana anterior, mas tal nem é significativo, dadas as magras cambiais que foram então vendidas. Significativo é que supere a média semanal verificada este ano na venda de divisas, que atinge a sua maior expressão, precisamente, o que também reveste significado, em Julho. Em termos mensais, mesmo que o banco central não realize vendas nas duas semanas que faltam para completar o mês, será a segunda média mensal anual mais elevado, logo atrás de Julho.
As taxas de câmbio médias do mercado primário mantêm-se praticamente inalteradas há 18 semanas consecutivas, em Kz 166 por cada dólar ou em Kz 186 por cada euro. Um sinal de que as autoridades poderão não proceder a uma desvalorização, como se estou a aventar, com base nos cenários traçados na programação macro fiscal, tão depressa. O valor de Julho da inflação também desencoraja a depreciação da moeda nacional, atendendo a que, por mais que os agentes económicos já tenham interiorizado os efeitos de uma desvalorização e estejam a olhar para o mercado informal (kinguilas), haverá sempre efeitos sobre os preços, colocando esta variável sob difícil controlo pela política económica.
Dívida
O BNA colocou, na sua qualidade de operador do Estado, no mercado primário, na última semana, títulos do tesouro no valor de Kz 40,5 mil milhões, um pouco menos que na semana passada, continuando a preferência a residir nas Obrigações do Tesouro indexadas à taxa de câmbio, ou seja, isentas de risco cambial. Os Kz 31,2 mil milhões em obrigações emitidos, a prazos entre dois e cinco anos (tratam-se de instrumentos de médio prazo), beneficiam de taxas acima de 7%, atingindo 7,75% ao ano no prazo mais longo. A taxa que remunera os Bilhetes do Tesouro (BT) a um ano ascende a 18,51%. No segmento de venda directa ao público foram transaccionados Kz 4,5 mil milhões em títulos, predominando os Bilhetes do Tesouro.
As Obrigações do Tesouro colocadas no público (Kz 1,4 mil milhões) têm uma maturidade de dois anos. De acordo com os dados compilados por OPAÍS já foram colocados este ano no mercado primário através do BNA Kz 1.318,3 mil milhões em títulos de dívida pública. O Orçamento Geral do Estado revisto para este ano prevê receitas de envidamento interno na ordem de Kz 2.089,35 mil milhões, quase mais 50% que no Orçamento inicial e o correspondente a 30% do produto interno bruto.
Para onde vão as divisas (Euros)
154,4 Milhões – operações de bens alimentares
196,9 Milhões – necessidades do sector da Indústria
13,4 Milhões – operações para aquisição de peças e acessórios
10,8 Milhões – operações com cartas de crédito
19,4 Milhões – operações das companhias aéreas
53,8 Milhões – necessidades do sector de telecomunicações
35,8 Milhões – operações com cartões de marca internacional
35,7 Milhões – operações de empresas prestadoras de serviço ao sector petrolífero
29,0 Milhões – operações de salários de expatriados
34,0 Milhões – necessidades de ministérios e organismos do Estado
35,8 Milhões – viagens, ajuda familiar, saúde e educação
2,7 Milhões – operações de empresas seguradoras
39,0 Milhões para a cobertura de operações diversas de empresas
29,0 Milhões para a cobertura das necessidades dos bancos
Fonte:Angonoticias
Reditado para:Noticias Stop 2016